sexta-feira, 28 de setembro de 2012

os dias de novembro que há dez anos, me caíram no colo. sim, passaram dez anos. e o tempo melhora tudo*

 Turn On The Bright Lights
Tenth Anniversary Edition
Release date: November 19th, 2012
Now fully remastered in a beautiful deluxe hardbound book with unreleased photos (48 pages in the CD, 28 large pages in the vinyl) and a second disc of bonus tracks, many unreleased, plus demos and B-sides and a DVD.
The album will be available as a double CD+DVD, double LP+DVD, and digital album with digital booklet. Preorders will come with a replica of the band's first item of merchandise, a button with the original Interpol logo.
The original album, remastered
  1. Untitled
  2. Obstacle 1
  3. NYC
  4. PDA
  5. Say Hello To The Angels
  6. Hands Away
  7. Obstacle 2
  8. Stella Was A Diver And She
  9. Was Always Down
  10. Roland
  11. The New
  12. Leif Erikson
The Bonus Material
  1. Interlude (iTunes single) §
  2. Specialist (Interpol  EP)
  3. PDA (First Demo, 1998)
  4. Roland (First Demo, 1998)
  5. Get The Girls (Song 5) (First Demo, 1998)
  6. Precipitate (2nd Demo, 1999)
  7. Song Seven (Original Version)(2nd Demo, 1999)
  8. A Time To Be So Small (Orig Version) (2nd Demo,1999)
  9. Untitled (Third Demo, 2001) * =
  10. Stella (Third Demo, 2001) * =
  11. NYC (Third Demo, 2001) =
  12. Leif Erikson (Third Demo, 2001) * =
  13. Gavilan (Cubed) (Third Demo, 2001) †
  14. Obstacle 2 (Peel Session, 2001) =
  15. Hands Away (Peel Session, 2001) =
  16. The New (Peel Session, 2001) * =
  17. NYC (Peel Session, 2001) * =

sindicato p'rá polícia!!





durante os primeiros dias tentei andar sem a máquina fotográfica.
com tantas subidas e descidas a pé, portátil de um lado, máquina e mala do outro, chegava ao chiado toda descadeirada e a pensar que os dois minutos de percurso de carro teriam de ser inevitáveis. 
comecei a caminhar mais leve. calçado confortável, mala de perfeito ajuste às costas, música que acompanhasse as passadas, o fresco da cidade a equilibrar o calor da caminhada. 
dias perfeitos.

acontece que nesta cidade a cada esquina existem momentos como este.
e se hoje não tivesse sido mais teimosa que a lombalgia, a máquina teria ficado em casa.
bendita a horinha em que a pendurei ao ombro.
bendita a horinha em que pelas ruas do bairro e travessas estreitas os olhos se ficam por lá.
não existe um segundo que se perca por aqui.
não existem pessoas, bichos, montras ou calçadas que nos sejam indiferentes.
são muitos anos. muitas entranhas remexidas. conheço-a como a palma da minha mão.
todos os dias. diferente.


vai e vem.



Instrutivas são as existências em que a felicidade se vai e depois regressa; o homem entra constantemente em contacto com o universo. Estas reviravoltas não são raras na vida do jogador, mas podem ser igualmente observadas nos príncipes e nos soldados. Ainda assim, tais curvas num mundo, em que frequentemente apenas um passo em falso chega para causar ruína, permite imaginar a existência de uma inteligência fortemente marcada e rítmica. Do mesmo modo, sente-se nas pontas dos dedos, e, com efeito, tem-se consciência de que mãos finas e bem contornadas são frequentemente um indício de uma natureza feliz. Existe uma ciência do momento favorável; quem quiser ter uma ideia, deve utilizar o compêndio de Casanova.

- Ernst Jünger, O Coração Aventuroso


TransVerso

quarta-feira, 26 de setembro de 2012

todos temos o nosso. quando quisermos. nós somos a revolução. acordar um país demora. porra para isto.



O MEU 25 DE ABRIL
Estou na cama de manhã e aproveito para apontar na Agenda o tempo que passa. Tinha ficado na véspera em casa a rever provas. O puto fora para o liceu. Resolvo ir à rua beber uma cerveja e continuar a revisão. Ao pé do chafariz, o barbeiro atira com esta: “então, o Marcello e o Thomaz lá foram ao ar...” Não percebo logo. Nem acredito como. Mas ele confirma: a Emissora Nacional não funciona, só o Rádio Clube Português é que dá música e de vez em quando comunicados breves.
Já mais convencido, convido-o logo a festejar na tasca da Laurentina que era para onde eu ia. E depois, ainda duvidoso, vou com ele à barbearia a ver se oiço algum comunicado. Música ligeira, sem nada de marcial. Canções populares portuguesas, pouco mais. (Até a Amália, parece-me!). Mas passados minutos um comunicado do Comando das Forças Armadas. Aí, adquiro a certeza que é, deverá ser a repetição do golpe das Caldas, mas com outra amplitude. Refere que o público tem ocorrido às lojas, em tentativas de açambarcamento, e manda fechar o comércio. Aconselha a população a manter-se nas suas casas e as forças militares e militarizadas a recolherem aos quartéis e não oferecerem resistência à tropa. A coisa é grave. Parece que não há comboios e para lá de Sete Rios não se passa.
Tenho algum dinheiro e resolvo logo ir ver (foi o melhor que fiz: ver para crer). Desço acelerado e vou a casa do Fernando Paços, perguntar se ele sabe alguma coisa. Se sabe não diz. Mas confirma. Acompanho-o à farmácia de Queluz Ocidental e depois (ele aconselha-me que não vá a Lisboa, pois não conseguirei passar – mas eu conheço outro sítio para entrar, ou sair, da minha terra e caminho acelerado.
Muitos carros, em fuga discreta?) para cá. Em Queluz, já vejo lojas fechadas, outras a fechar à pressa e uma data de tontos a abastecerem-se para o ano todo... oiço que um tal comprou mais de cem pães. Rica açorda (ou negócio) deve ter feito com eles. Cafés fechados. Há comboios. Meto-me num para a Amadora, depois sigo a pé. No Bairro do Bosque (sempre o intenso movimento de carros a saírem), ainda consigo meter um copo. Não há jornais. Rostos, com as janelas fechadas, assomem entre cortinas. Tudo me dá a ideia de receio (mas em Queluz vi alguns magalas a planar, o que me deixou intrigado).
Venho a pé até às portas de Benfica e o ambiente é o mesmo: fila de carros a safarem-se, comércio encerrado, mulheres com sacos de plástico cheios, tensão. Meto-me num autocarro da Carris, de Benfica para o Chile e fico-me um tanto a rir do Paços, que em Lisboa e a andar para o centro já eu vou. No Chile, só uma taberna aberta: bebo mais um copo, estou nas lonas. Animação. Um tipo ao meu lado compra 8 maços de Português Suave, também está a açambarcar ou a fumar aquilo diariamente habilita-se a um cancro nos pulmões em beleza e rápido. Aparece gente com jornais (A Capital) e sei que estão a vender para os lados do Império. Vou logo lá, sento-me num degrau e sei as primeiras notícias. Tá bem! Resolvo ir a casa do Henrique, ver se ele estará.
Na Carlos Mardel, uma senhora num 1º andar pergunta-me onde vendem jornais. Digo e ofereço-lhe o meu. O marido, que vinha à rua, fica com ele e eu fico reduzido a 30$00. Começo com sede e angústias. Estou em jejum e já andei um bom bocado. Penso ainda ir ao Manaças (António) mas desde a última vez, desde a nossa última conversa, ele não me está a apetecer.
E depois, o importante deve estar a acontecer na Baixa. Enfio ao Montecarlo (fechadíssimo) mas consigo topar um tipo a bater à porta da Mourisca (também fechada) e entrar. É que há gente. Vou, bato, o Costa Loiro está a forrar vidros por dentro com papel, talvez com receio dalgum obus. Peço-lhe vintes e ele despacha-me. Meto à Rua Viriato e vou até ao quartel de Santa Marta (todas as tascas fechadas até ali). Dá-me vontade de rir ver os cabeças de nabo reunidos lá dentro, a falarem uns com os outros (é que obedeceram às ordens?). Mas logo ao lado há uma tasca restaurante, porta meio aberta, com gente e muito movimento (guardas a beber, outro a telefonar para casa e sossegar a mulher (?), diz que não há azar).
Bebo uma Sagres e como uma sandes. E avanço para a linha de fogo, que não sei onde é. Metros andados, ouvem-se ao longe tiros e rajadas de metralhadora. Tipos que fogem. Mas onde será o tiroteio? Como a coisa parou, continuo a andar. Até que encontro, já não sei onde, o Almeida Santos e um tipo que é revisor no Diário de Lisboa ou no Popular, já não sei. Metemo-nos num táxi que sobe pela Calçada do Carmo. Mas logo populares avisam (ah, entretanto, perto do Tivoli, já tinha comprado um Diário de Notícias, com mais informes) que a rua está bloqueada. O carro faz marcha-atrás e mete (por onde?) para o Bairro Alto. Bebemos não sei o quê numa tasca, o revisor vai à vida, o Almeida Santos pira-se e eu avanço para os lados do Carmo. Na Rua da Misericórdia, muita gente, tropa e um tanque de respeito. Da janela da Redacção da República, o Vítor Direito e o Afonso Praça (aquele grita-me: “estás muito bonito hoje!”, eu levava o sujíssimo albornoz que me deu o Artur), noutra varanda o Álvaro Belo Marques, a quem pergunto: “como é que se entra para aí?”, porque a porta da escada da República está fechada. “Vai pelas traseiras!”. Vou mas também está fechada e logo à esquina aparece um vendedor com a última da República. É um verdadeiro assalto. Aí fico a saber dos chefes (Costa Gomes e Spínola) e o alvoroço é enorme. Já não sei bem: se vim ao Rossio, se de repente notei uma grande correria para o Terreiro do Paço. Sem perceber nada do que se passa, sigo a onda. No Terreiro do Paço, começa a chover.
Há correrias e encontro uma rapariga que me conhece muito bem mas não topo logo. É a Maria João, a engenheira química, amiga do Henrique, com outro rapaz. Ficámos abrigados da chuva debaixo das arcadas, depois convenço-os a irem beber um copo ao Terreiro do Trigo (Campo das Cebolas?), não sei já se estava aberto se não. Ela tem o carro no Camões e para aí vamos. Mas o Chiado está cheio de gente, que quer assaltar a Pide. Já não sei se ouvi tiros. Vi ainda as (uma?) ambulâncias, depois quase à porta da Brasileira um rapaz ou homem com a mão cheia de sangue (seco?), que tinha agarrado num rapaz ou rapariga.
Começam a chegar fuzileiros, há mais correrias, a Maria João e o rapaz perderam-se de mim. Cheira-me que já chega. Agarro um táxi e arranco para casa da São. Pela TV vi depois o resto.
Foi bonito e foi rápido. Já posso morrer mais descansadinho.

Luiz Pacheco

ter-te ali todos os dias.


Hoje de manhã saí muito cedo, 
Por ter acordado ainda mais cedo 
E não ter nada que quisesse fazer... 
Não sabia que caminho tomar 
Mas o vento soprava forte, varria para um lado, 
E segui o caminho para onde o vento me soprava nas costas. 
Assim tem sido sempre a minha vida, e 
Assim quero que possa ser sempre 
-- Vou onde o vento me leva e não me 
Sinto pensar. 

Alberto Caeiro

domingo, 23 de setembro de 2012

quando penso numa fotografia


não entendo o porquê de coisas sempre tão iguais, que copiam tantas coisas que tantos outros já fizeram, que tantos já mastigaram e cuspiram, baralharam e voltaram a dar vezes sem conta.
quando olho para ti e sem edições de imagens, sem cores, sem sombras, sem quilos de distracções e sem poses mais que ensaiadas és tu. sempre tu. sempre sem mais nada.

a fotografia é o momento que já foi. mas que continua aqui. 
é impossível reencená-lo.
és tu.*

existem três raças de estúpidos.

o que se ri da merda que faz a si mesmo.
o que se ri da merda que os outros fazem entre si.
o que se ri da merda que faz aos outros.

em todos elas subsiste a estirpe da raça da estupidez suprema:
o que acha que os outros são mais estúpidos do que ele.

quarta-feira, 19 de setembro de 2012

summer sunday and a year.

She lives on Love Street
Lingers long on Love Street
She has a house and garden
I would like to see what happens 


the doors

levantai hoje de novo.


the left cannot just fight the right, it always has to fight other leftists as well, which is why, I fear, we will never achieve — or you, because I’m too old now — ever achieve a decent revolution.
[...]

Revolutionaries inevitably become guilty of the same crimes as those they overthrow, and that’s more depressing than de Gaulle.
[...]

It threw me into the soup, the soup of mankind, alienated, exploited, insecure, terrified — in one word, in nausea. But now it wasn’t Roquentin’s [the hero of his novel Nausea], it was mine, all of us, and made me realize that my struggle is yours and vice versa, that there is no escape for any of us, except that we find our fulfillment, so to speak, fighting together. Without ever thinking that this is a meaning, only an act. Meaning has to be created by each of us.




Jean-Paul Sartre
John Gerassi
Talking with Sartre
Conversations and Debates




texto roubadinho do vortex.

terça-feira, 18 de setembro de 2012

morder o teu sorriso.

e água branca a tinir pelos teus poros. água cinzenta que deixa a marca dos dedos ao passares a mão pelo cabelo. água nossa, incolor, apenas água do nosso banho. água que demora a cair água do mar da foz naquela noite que atravessámos o paredão de olhos vendados. 
 






chegámos.

e desligámos a palavra partir.

quinta-feira, 13 de setembro de 2012

adoro vernáculo no momento oportuno.

Vão-se Foder!

Na adolescência usamos vernáculo porque é “fixe”. Depois deixamo-nos disso. Aos 32 sinto-me novamente no direito de usar vernáculo, quando realmente me apetece e neste momento apetece-me dizer: Vão-se foder!
Trabalho há 11 anos. Sempre por conta de outrém. Comecei numa micro empresa portuguesa e mudei-me para um gigante multinacional.
Acreditei, desde sempre, que fruto do meu trabalho, esforço, dedicação e também, quando necessário, resistência à frustração alcançaria os meus objectivos. E, pasme-se, foi verdade. Aos 32 anos trabalho na minha área de formação, feliz com o que faço e com um ordenado superior à média do que será o das pessoas da minha idade.
Por isso explico já, o que vou escrever tem pouco (mas tem alguma coisa) a ver comigo. Vivo bem, não sou rica. Os meus subsídios de férias e Natal servem exactamente para isso: para ir de férias e para comprar prendas de Natal. Janto fora, passo fins-de-semana com amigos, dou-me a pequenos luxos aqui e ali. Mas faço as minhas contas, controlo o meu orçamento, não faço tudo o que quero e sempre fui educada a poupar.
Vivo, com a satisfação de poder aproveitar o lado bom da vida fruto do meu trabalho e de um ordenado que batalhei para ter.
Sou uma pessoa de muitas convicções, às vezes até caio nalgumas antagónicas que nem eu sei resolver muito bem. Convivo com simpatia por IDEIAS que vão da esquerda à direita. Posso “bater palmas” ao do CDS, como posso estar no dia seguinte a fazer uma vénia a comunistas num tema diferente, mas como sou pouco dado a extremismos sempre fui votando ao centro. Mas de IDEIAS senhores, estamos todos fartos. O que nós queríamos mesmo era ACÇÕES, e sobre as acções que tenho visto só tenho uma coisa a dizer: vão-se foder. Todos. De uma ponta à outra.
Desde que este pequeno, mas maravilhoso país se descobriu de corda na garganta com dívidas para a vida nunca me insurgi. Ouvi, informei-me aqui e ali. Percebi. Nunca fui a uma manifestação. Levaram-me metade do subsídio de Natal e eu não me queixei. Perante amigos e família mais indignados fiz o papel de corno conformado: “tem que ser”, “todos temos que ajudar”, “vamos levar este país para a frente”. Cheguei a considerar que certas greves eram uma verdadeira afronta a um país que precisava era de suor e esforço. Sim, eu era assim antes de 6ª feira. Agora, hoje, só tenho uma coisa para vos dizer: Vão-se foder.
Matam-nos a esperança.
Onde é que estão os cortes na despesa? Porque é que o 1º Ministro nunca perdeu 30 minutos da sua vida, antes de um jogo de futebol, para nos vir explicar como é que anda a cortar nas gorduras do estado? O que é que vai fazer sobre funcionários de certas empresas que recebem subsídios diários por aparecerem no trabalho (vulgo subsídios de assiduidade)?… É permitido rir neste parte. Em quanto é que andou a cortar nos subsídios para fundações de carácter mais do que duvidoso, especialmente com a crise que atravessa o país? Quando é que páram de mamar grandes empresas à conta de PPP’s que até ao mais distraído do cidadão não passam despercebidas? Quando é que acaba com regalias insultosas para uma cambada de deputados, eleitos pelo povo crédulo, que vão sentar os seus reais rabos (quando lá aparecem) para vomitar demagogias em que já ninguém acredita?
Perdoem-me a chantagem emocional senhores ministros, assessores, secretários e demais personagem eleitos ou boys desta vida, mas os pneus dos vossos BMW’s davam para alimentar as crianças do nosso país (que ainda não é em África) que chegam hoje em dia à escola sem um pedaço de pão de bucho. Por isso, se o tempo é de crise, comecem a andar de opel corsa, porque eu que trabalho há 11 anos e acho que crédito é coisa de ricos, ainda não passei dessa fasquia.
E para terminar, um “par” de considerações sobre o vosso anúncio de 6ª feira.
Estou na dúvida se o fizeram por real lata ou por um desconhecimento profundo do país que governam.
Aumenta-me em mais de 60% a minha contribuição para a segurança social, não é? No meu caso isso equivale a subsídio e meio e não “a um subsído”. Esse dinheiro vai para onde que ninguém me explicou? Para a puta de uma reforma que eu nunca vou receber? Ou para pagar o salário dos administradores da CGD?
Baixam a TSU das empresas. Clap, clap, clap… Uma vénia!
Vocês, que sentam o já acima mencionado real rabo nesses gabinetes, sabem o que se passa no neste país? Mas acham que as empresas estão a crescer e desesperadas por dinheiro para criar postos de trabalho? A sério? Vão-se foder.
As pequenas empresas vão poder respirar com essa medida. E não despedir mais um ou dois.
As grandes, as dos milhões? Essas vão agarrar no relatório e contas pôr lá um proveito inesperado e distribuir mais dividendos aos accionistas. Ou no vosso mundo as empresas privadas são a Santa Casa da Misericórdia e vão já já a correr criar postos de trabalho só porque o Estado considera a actual taxa de desemprego um flagelo? Que o é.
A sério… Em que país vivem? Vão-se foder.
Mas querem o benefício da dúvida? Eu dou-vos:
1º Provem-me que os meus 7% vão para a minha reforma. Se quiserem até o guardo eu no meu PPR.
2º Criem quotas para novos postos de trabalho que as empresas vão criar com esta medida. E olhem, até vos dou esta ideia de graça: as empresas que não cumprirem tem que devolver os mais de 5% que vai poupar. Vai ser uma belo negócio para o Estado… Digo-vos eu que estou no mundo real de onde vocês parecem, infelizmente, tão longe.
Termino dizendo que me sinto pela primeira vez profundamente triste. Por isso vos digo que até a mim, resistente, realista, lutadora, compreensiva… Até a mim me mataram a esperança.
Talvez me vá embora. Talvez pondere com imensa pena e uma enorme dor no coração deixar para trás o país onde tanto gosto de viver, o trabalho que tanto gosto de fazer, a família que amo, os amigos que me acompanham, onde pensava brevemente ter filhos, mas olhem… Contas feitas, aqui neste t2 onde vivemos, levaram-nos o dinheiro de um infantário.
Talvez vá. E levo comigo os meus impostos e uma pena imensa por quem tem que cá ficar.
Por isso, do alto dos meus 32 anos digo: Vão-se foder"

Descobri este texto de uma portuguesa de 32 anos, uma cidadã que diz o que sente e pensa a partir da sexta-feira passada. É um texto impressionante, que vivamente recomendo. Leiam, por favor, até ao fim.

Domingos Amaral