domingo, 13 de março de 2011

para a minha mãe, que me deu a revolução



para o meu pai, que me levou com ele para a rua e colocou na minha voz os gritos que hoje senti

para a big sis, que acredita na revolução como uma carta aberta ao que somos

para a mãe piedade, que me agarrou na mão para nunca mais soltar


para a renata, que intuiu cá dentro o que nem eu soube encontrar

para os que vieram comigo hoje e sentiram como eu que há coisas muito mais importantes do que o nosso centro cósmico de sempre.

a mudança começa aí.

«Quem ama a liberdade conhece que é idêntica
a verdade e a não-verdade o ser e o vazio
e por isso na sua celebração a metáfora expande-se
na liberdade de ser a ténue sabedoria
desse momento e só desse momento em que o arco cresce
Há então que procurar a chuva dessa nuvem
ou desdizê-Ia não para o nosso olhar
mas para um outro rosto de areia que cresce no vazio
e poderá ser de pedra ou de ouro ou só de uma penugem
O poema é o encontro destas duas faces
de nenhuma substância quando no vazio do céu
os anjos se diluem com as mãos despojadas»



António Ramos Rosa
As espirais do silêncio

2 comentários:

  1. Inevitavelmente...estou toda arrepiada.
    Tudo mexe connosco, o dia, a marcha num só sentido, por algo de bom, que é desejo de todos...a luta, o povo unido, a UNIÃO.

    Lindas as tuas palavras escritas, tal como as palavras que da tua boca soltaste e gritaste, com sentimento...com alma.

    E para que esta luta permaneça, em união e com aquilo que Sábado vivênciamos e que jamais esqueceremos.

    «Menina estás à janela, com o teu, cabelo à Lua...» deu-nos aquela força para descermos aquela Avenida com a verdadeira intenção da manifestação.

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