quarta-feira, 31 de agosto de 2011

baixa 4



Aquilo que nem sempre nos chega às mãos é preciso acorrentar. Grilhões que forcem a entrada de palácios esquivos e cortes na presença contínua de gritos em surdina.

Entreolham-se prazeres.

Mãos que abrem entradas jamais cerram postigos.

Lembram-se dizeres antigos. Recordam-se paredes guardiãs de peluches e ex-votos quase sagrados. Uns mentiam e juravam, perdidos em ideias pretéritas de fuga. Outros, sentavam-se em poltronas de pregos corridos de nada.

Peregrinos de si mesmos, voltam inevitavelmente ao mesmo lugar. Para quê partir se o destino é sempre curar? Conseguir redobrar a esquina da vontade que impele a busca do jardim mais verde do outro lado da vida.

Aprisionam-se braços. Entregam-se cadeados e chaves inúteis de portões de ferro imaginário.

Pertença de dias azuis, cartas por abrir, selos por lamber, notícias perdidas no caminho de chegada.

Não fossem os amargos de boca e dir-se-ia o que os olhos vêem à primeira dentada. Uma porta, sem janelas nem vistas grossas. Uma porta vigilante de sentenças esquecidas no instante de horas rasgadas. Uma porta encerrada em si mesma.

É preciso força, é preciso empurrar com ombros de gente a contrariedade do que se vive.

E deixar correr o sal corrosivo do tempo.

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