Aquilo que nem sempre nos chega às mãos é preciso acorrentar. Grilhões que forcem a entrada de palácios esquivos e cortes na presença contínua de gritos em surdina.
Entreolham-se prazeres.
Mãos que abrem entradas jamais cerram postigos.
Lembram-se dizeres antigos. Recordam-se paredes guardiãs de peluches e ex-votos quase sagrados. Uns mentiam e juravam, perdidos em ideias pretéritas de fuga. Outros, sentavam-se em poltronas de pregos corridos de nada.
Peregrinos de si mesmos, voltam inevitavelmente ao mesmo lugar. Para quê partir se o destino é sempre curar? Conseguir redobrar a esquina da vontade que impele a busca do jardim mais verde do outro lado da vida.
Aprisionam-se braços. Entregam-se cadeados e chaves inúteis de portões de ferro imaginário.
Pertença de dias azuis, cartas por abrir, selos por lamber, notícias perdidas no caminho de chegada.
Não fossem os amargos de boca e dir-se-ia o que os olhos vêem à primeira dentada. Uma porta, sem janelas nem vistas grossas. Uma porta vigilante de sentenças esquecidas no instante de horas rasgadas. Uma porta encerrada em si mesma.
É preciso força, é preciso empurrar com ombros de gente a contrariedade do que se vive.
E deixar correr o sal corrosivo do tempo.
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