sexta-feira, 22 de abril de 2011

386 madrugadas


«O assento estreito, ajustado à cadeira, sem transbordar, apertado contra si, o busto perpendicular. Todo o seu boleado se travava no limite justo,toda a sua superfície. Enquadrada nas linhas da perfeição. Olho-a e revolvo-me por dentro numa confusão de impulsos. Beijar-te. Não, não, lamechices não. Traçar-te breve com a mão o limite do teu contorno. O pescoço direito mas sem altivez, agora silenciosa, o olhar vivo de lume. Deusa da juventude, Flora pagã. Sinto-a nos meus dentes, na sua realidade intacta de ser. E quente, da substância infernal. Pintava-se pouco e assim a sua carne era verdade desde a fímbria do seu lineamento - que irás dizer amanhã? Fértil pura maciça. Densa como um desejo fortíssimo a estalar - que irás? Tenho as mãos cheias da tua plenitude - não te amo, não. Tenho o corpo batido da tua dureza como de pela de nervo.»

v.f.

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