sábado, 16 de abril de 2011
o café chegou depois do bolo, mas
almoçamos.
os estrangeiros passam, a máquina fotográfica sobre a mesa e a carteira à espera de quem a leve.
a senhora que pede trabalho, desespera, quer servir a alguém, quer lavar-lhes a roupa, a alma, quem sabe o sorriso, o desejo e os espelhos vidrados felizes e coloridos.
bolo de papoila.
olhas-me nos olhos.
creio pensar saber o que te vai dentro. mas só tu sabes.
entretanto, gritos cá dentro. a tentar trepar.
porque estamos aqui? porque sentimos este querer tão junto?
tenho uma poltrona. a tua cadeira é mais pequenina e branca.
apetece-me levantar e pegar-te ao colo, cabemos ali na minha poltrona sem problemas.
bates com a cabeça no candeeiro e desatamos a rir. conhecemos a dor e achamos-lhe graça.
falamos. abrimos persianas. sabemos tudo tão claro. e continuamos de mãos dadas.
a mãe. a irmã. o pai. meus e teus.
outros pais e mães sentam-se à nossa mesa. levam-nos o galheteiro.
sabe-me bem dar-lhos para as mãos. como a senhora que lava roupa, sinto-me útil.
como a senhora da roupa, lavo a alma.
reparei que não trazias brincos. como eu trazia aqueles em que ninguém repara.
voltamos. eu subo e tu desces.
eu sozinha, tu em companhia.
subi e cheguei aqui. a estas árvores. não as viste comigo por estares já a descer para a tua vida.
e eu aqui, agora. regresso à minha.
amanhã as árvores estão lá e sento-me no banco. vou lá voltar e dizer que sim.
eu também.
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