sexta-feira, 2 de setembro de 2011

bairro 1

Fica-se na sombra e crescem-se escolhas internas. Desaparecer é esquecimento. Ausência é ar no peito. São pombos a pousar nos beirais sem quem os escorrace dali para fora. Nem milho nem pão. Musgo verde. Recantos bafientos. Escuro latente no vidro já sem respiração para embaciar. De tão perto sentem-se as pestanas, já. Batem na janela que teima em não abrir. Escorre o tempo e viram-se agulhas ao norte do corpo presente. Selado. Nas traseiras de uma casa de alma sem janelas nem portas nem vidros. Cinzento amor perdido nas palavras que lhe brotavam do peito em sons mudos de vontade inacabada.

Sente-se no ar o frio das frinchas abertas. Descuidam-se pessoas e gestos e as casas ruem.

Persiste nas cidades o querer voltar na esperança de que o tempo se esqueça delas. É puro o engano e finge-se parar a mudança. Ela é sempre a única verdade presente ao abrir da janela.


Sem comentários:

Enviar um comentário