terça-feira, 13 de março de 2012
na dúvida.
e de repente ela pergunta-me: «mas o ganesha não devia estar a olhar para a porta?»
e eu sem saber o que responder, encolho os ombros. não digo nada porque sei que é muito melhor ficar calado quando não se sabe a resposta do que arriscar uma tirada ao calhas só para me armar em esperta.
voltei a abrir o livro que tinha fechado com o dedo a marcar a página só para tentar perceber para que lado estava a estatueta. quis ignorá-la.
realmente, estava de costas voltadas para mim. que cena recorrente.
levantei-me devagar, esqueci o livro por marcar e dei-lhe uma volta para lhe ver a tromba. literalmente.
e este efeito placebo de quem acha que contribui para a ordem natural das coisas só com um gesto que não demora mais de meio segundo.
dois minutos depois, tocam à porta. sem me mexer, cerrei os olhos, hesitando entre rir à gargalhada ou correr para a abrir.
nunca mais voltei a duvidar que posso mudar tudo. ir para onde quiser e fazer o que me apetecer. desde que para isso levante o rabo da cadeira as vezes que forem precisas e lance a mão a quem insiste passar a vida de trombas e de costas voltadas ao que se lhe coloca no colo.
em bandeja de prata.
sem desistir de ninguém, mas com o discernimento de que só volta e se abre a porta a quem eu quero.
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