No início do ano, uma donzela do Oriente diz ao seu amado esposo:
– Não caminhes em direcção ao Leste. Se o fizeres encontrarás a morte.
Mas o amado nada ouviu, pois, nesse momento, pensava numa outra mulher, numa mulher mais jovem, mais bela, mais inteligente.
Seguiu assim o homem em direcção a leste – e não morreu. Pelo contrário, foi recebido em casa pela tal amante mais jovem, mais bela, mais inteligente.
Na manhã seguinte, ao levantar-se, a amante disse-lhe:
– Não caminhes em direcção ao Oeste. Se o fizeres encontrarás a morte.
Mas o homem nada ouviu, pois, nesse momento, pensava na sua esposa legítima que o esperava.
Seguiu assim o homem em direcção a oeste – e não morreu. Pelo contrário, foi recebido em casa, com alegria e calor, pela sua esposa.
Na manhã seguinte, ao levantar-se, ouviu da sua amada esposa, uma donzela do Oriente:
– Não caminhes em direcção ao Leste. Se o fizeres encontrarás a morte.
Mas o amado nada ouviu, pois, nesse momento, pensava numa outra mulher, numa mulher mais jovem, mais bela, mais inteligente.
Seguiu assim o homem em direcção a leste e depois a oeste e depois a leste e assim sucessivamente, dias e dias, meses e meses, anos e anos – e não morreu.
A morte surgiu apenas quando o homem já velho e sem forças ficou incapaz de se mover – quer para leste quer para oeste.
Gonçalo M. Tavares
Sem comentários:
Enviar um comentário