quinta-feira, 1 de março de 2012

não é um gorila! é o king kong...



disparado em forma de sussurro. como quem chama um petiz à atenção. uma criança diz sempre o que pensa. dei-te uma palmada e tudo.
e não sei quando é que os gajos do parquímetro decidiram que seria boa ideia multar 12 minutos antes de acabar a tarifa obrigatória. vi-os aproximarem-se de todos os carros, mas fechei a porta assim mesmo e entrei para dar aula. ignorei-os. como tenho feito a praticamente quase tudo.
pelo meio recebi mais uma mensagem tua. não te queixavas, que tu nunca te queixas, mas pensavas comigo, como tantas outras com quem tenho falado, fartinha das criancices alheias. que a paciência esgota-se algures entre um bocejo e um olhar-se para o lado. finge-se que não se vê. mas eu digo-te que já vi esse filme e não foi no rivoli. foi de mãos dadas no são jorge. e também entre soluços numa sessão onde fiquei pregada à cadeira no corte inglés. as coisas por que uma pessoa passa por amor. como se tudo valesse. se é por amor, aguenta-se. por amor tudo se perdoa, tudo se condena. nada se entende. consegue-se o tudo e o nada. até ao nada resumir o todo. todos se embrulham, todos se tropeçam e quando por fim, chegam a algum lado, pensam-se invencíveis. como se mais nada voltasse a ser igual. como se de repente tudo o resto se apagasse, com uma borracha milagrosa que limpa a vida para debaixo do tapete. e os outros, ah, coitados dos outros. coitados uma merda.

e tu, consegues ainda assim fazer torradas enquanto mo dizes. séria. quase sem fechares os olhos.
porque bem sabes que ninguém faz o mal de propósito. é apenas por não saber fazer melhor. o bem e o quase perfeito.
é assim de erro em erro. até acertarmos.

posso até ficar mais dois dias a pensar que naquela tarde cheguei das aulas para variar a correr e a atirar a mala para o chão como de costume, e abre-se-me outro sorriso com um coração de chocolate dentro. só porque sim. porque passaste e te lembraste.
e porque não o fazerem contigo?
porque não encerrar o ciclo do deixa ver se fica?
é mandar às urtigas. essas sim, proliferam. por toda a parte e alimento não falta nunca. nem aqui. nem do outro lado do mundo.
e onde é que isto descambou. ah, já sei! foi naquele momento em que entramos por santa catarina e diante da senhora da bilheteira gritas, diz lá à senhora qual é o que queres. e eu penso que nos conhecemos há milénios, que sabes bem o que quero e que agora me lembras da vida lá de baixo onde as pessoas de tantos anos já nem perguntavam por sentirem antes de eu falar.
é isso! tal e qual quando a minha mãe sabia que era febre antes de o termómetro mostrar.

eu já sei o que vim cá acima fazer. antes da vida mo pregar pela alma dentro.

porra, está ali um gorila!

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