empurrámos a porta do quarto e os nossos corpos bateram um de encontro ao outro, com dentes, dedos com unhas, braços firmes. depois, ficámos lado a lado, a retomar a respiração. foi assim durante seis semanas. à noite, eu trazia a caixa de costura para a sala e pregava na camisa os botões que, depois de ela sair, tinha encontrado, de gatas, no chão do quarto. às vezes, eu tinha quase medo das chamas que via nos olhos dela. eu entrava de costas no quarto. e caía sobre a cama, sabendo que, no próximo instante, ela cairia sobre mim. era rápido e foi rápido. não houve despedida. um dia, sem surpresa, percebi que ela tinha desaparecido para sempre.
josé luís peixoto, cal
Grande Peixoto.
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