sexta-feira, 27 de abril de 2012

se te esqueceres do essencial, esqueces-te de quem és.



«Porquê lutar pela Es.Col.A do Alto da Fontinha? não tenho simpatia por nenhum partido político, sou, como diria o Agostinho da Silva, um conservador da sardinha. não tenho rastas nem brinco nem toco percursão. não me considero exemplo de coisíssima nenhuma. não tirava nenhum proveito das actividades ali praticadas.nunca lá entrei. não vivo no bairro. tenho três filhos e mais com que
me preocupar. e no entanto a vida vai-me correndo. posso muito bem fazer de conta que não é nada comigo…apenas percebi que não posso pedir aos meus filhos que sejam pessoas decentes e bem formadas e lhes dizer que vi com os meus olhos, na cidade onde nasci e vivemos, um político com poder legitimado e uma polícia com poder armado a expulsar barbaramente umas criaturas cujo único crime que cometeram foi ocupar uma escola abandonada há cinco anos, pintá-la, arranjá-la e aí organizarem actividades escolares e culturais para a comunidade do bairro, sem pedirem um tostão a ninguém e afirmando desde a primeira hora que sairiam assim que os moradores quisessem. Vi e ouvi os moradores a pedirem que ficassem. E uma vez mais vi a polícia de choque a agredir essas pessoas, a destruir e atirar pela janela os livros e todo o material que servia de apoio às suas actividades, a emparedar o espaço para o inutilizar. e então decidi que estaria ao lado dessas pessoas, até ao limite das minhas forças, para poder pedir aos meus filhos que sejam gente decente…como se diz nesta terra: quem não se sente não é filho de boa gente!»

daniel martins. só um homem que lá esteve, como nós.


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