quinta-feira, 22 de novembro de 2012

criar condições para um encostar perfeito no sofá.

 

Ser cidade complica a vida de qualquer menina com ares de importância. Cumplicidades que nos medem riscos e vielas, becos e encruzilhadas. Nunca nos deixam em paz, por mais noite que seja. Abandonam-nos aos automóveis, às torres e às urbanizações. Abrem-nos o cérebro com imitações de casas de bonecas que sabemos estarem prenhes de boas intenções acriançadas. Haviam de nos ensinar à nascença a praticar a claridade por vias sinuosas. Um qualquer lugar em que se ensinasse a acolher tantas almas perdidas e encontradas. Dentro dele apenas impetuosidade e omnipresença de corpo e espírito. No dia em que me cobrirem o corpo com o manto verde que tanto desejo, abrirei os braços ao mundo. Aportarei navios cheios de raças e bocas sedentas de sardinhas e vinho. Á vista desarmada, prossigo na espera. Como sempre Ulisses, desde que me sentiu aqui aninhada junto ao mar. Olissipo. Cidade da perdição sentida. Abrigo tantos e não há quem me adormeça a pele. Sigo cantada por recantos escuros e falada pelas esquinas de cheiro acre. Esqueceram-se de me fechar ao sair. Sigo escancarada na luz que me ressalta dos olhos ao acordar.

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