sexta-feira, 16 de novembro de 2012
porque não se deve contrariar ídolos. parte 3.
Dia do Desassossego
“Escrevo para desassossegar, não quero leitores conformados, passivos, resignados”,
disse José Saramago pelos cantos do mundo e, pela última vez, na apresentação de Caim, para muitos mais do que um romance, um grito para romper com a indiferença. Nunca a sociedade precisou tanto de seres humanos desassossegados, capazes de mostrar coletivamente a inquietação e, a partir dela, elaborar alternativas que nos devolvam a racionalidade.
O Dia do Desassossego é uma chamada de atenção. Somos seres pensantes e queremos viver enquanto tal. Não somos massa, nem um número, nem uma estatística, e muito menos um rebanho dirigido. Somos homens e mulheres capazes das maiores proezas, incluindo a de sorrir em tempos sombrios, porque decidimos que ninguém nos gela o sangue nem nos corta a respiração.
“Sábio é o que se contenta com o espetáculo do mundo”, escreveu Ricardo Reis-Fernando Pessoa. E José Saramago mostrou-lhe esse espetáculo no ano da sua morte porque sempre soube que contemplar é um passo necessário, mas o segundo, tão urgente hoje como em 1936, é intervir, antes que intervenham sobre nós. Como pessoas, como culturas, como países. Neste Dia do Desassossego, quando José Saramago faria 90 anos, contemplemos o espetáculo do mundo pela sua mão.
Caminhemos com O Ano da Morte de Ricardo Reis pelas ruas de Lisboa e, em cada esquina descrita, paremos para pensar, de cabeça levantada. Somos cidadãos desassossegados, gente que pensa e tem coração para sentir a força da beleza, da bondade e dos argumentos. Saiamos à rua neste 16 de novembro, desassossegados mas não vencidos, com as nossas capacidades despertas, a nossa sensibilidade afinada, seres de palavras, de memória e de gratidão. O desassossego será uma forma de romper todos os cercos.
Fundação José Saramago
aos grandes 90 que hoje seriam.
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