terça-feira, 14 de junho de 2011

andar

«Despedira-me de todos e já estava possuído pela habitual alegria de me pôr a caminho, a sensação de alívio sempre nova que me inunda por saber que ninguém poderá alcançar-me, que não tenho marcações feitas nem me esperam em lado nenhum, que não tenho compromissos a não ser os que o acaso possa originar. Adoro misturar-me assim com a multidão, tornar-me um viajante qualquer, liberto do meu papel, da imagem que temos de nós próprios e que por vezes é uma gaiola tão apertada como a do corpo; com a certeza de não dar de caras com alguém com quem tenha a obrigação de conversar e com a liberdade de mandar para o diabo o primeiro que tente fazê-lo.»


Tiziano Terzani, Disse-me um Adivinho

tradução de Margarida Periquito
© Tinta da China

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