segunda-feira, 31 de dezembro de 2012

sábado, 29 de dezembro de 2012

velha gaiteira *

aqui bebe-se o melhor café do mundo, porque é servido com todo o carinho. aqui também se comem tapas e coisas boas regadas com boa disposição e muito boa conversa. aqui também temos wifi e livros para pararmos um pouco connosco mesmos. aqui está-se tão bem! obrigada Caio pelo espaço maravilhoso. já está na lista de preferidos da outra colina ;)

 Velha Gaiteira ***** - visitem, na Rua das Pedras Negras, encostadinho à Sé. na descida do Castelo :D



porque não se deve contrariar ídolos. parte 7.







É preciso repensar a nossa vida. Repensar a cafeteira do café, de que nos servimos de manhã, e repensar uma grande parte do nosso lugar no universo. Talvez isso tenha a ver com a posição do escritor, que é uma posição universal, no lugar de Deus, acima da condição humana, a nomear as coisas para que elas existam. Para que elas possam existir… Isto tem a ver com o poeta, sobretudo, que é um demiurgo. Ou tem esse lado. Numa forma simples, essa maneira de redimensionar o mundo passa por um aspecto muito profundo, que não tem nada a ver com aquilo que existe à flor da pele. Tem a ver com uma experiência radical do mundo.
Por exemplo, com aquela que eu faço de vez em quando, que é passar três dias como se fosse cego. Por mais atento que se seja, há sempre coisas que nos escapam e que só podemos conhecer de outra maneira, através dos outros sentidos, que estão menos treinados… Reconhecer a casa através de outros sentidos, como o tacto, por exemplo. Isso é outra dimensão, dá outra profundidade. E a casa é sempre o centro e o sentido do mundo. A partir daí, da casa, percebe-se tudo.
Tudo. O mundo todo.

Al Berto, Entrevista à revista Ler (1989)

quando quiseres dançar, ouve.


a ti, que esperaste para acertarmos o passo.

segunda-feira, 24 de dezembro de 2012

da persistência. assim vai.

a grande porra das perspectivas é que elas são todas válidas e passamos a vida a querer que a nossa seja mais válida do que a do vizinho do lado.
e quando temos a mania de que esse assunto não é connosco, que não senhor, que respeitamos tanto as opiniões dos outros, damos por nós a avaliar o mundo e a botar larachas sobre como os outros devem viver, como devem ser bonzinhos ou mauzinhos perante determinada circunstância, sobre como deveriam agir assim e não assado. enfim, como se o nosso mundinho também não estivesse coberto de telhados de vidro para o qual toda a gente espreita quando quer. pior. somos nós que estamos lá dentro e o que os outros vêm, apenas vêm de cima. pelo raio do telhado.
senão, vejamos.
vais na rua e encontras uma nota de 500 no chão.
o fulano A pára diante da nota, baixa-se e apanha-a com toda a rapidez, enfia-a no bolso e segue caminho.
o fulano B passa por cima da nota, hesita, olha em redor e pensa no que pensarão se o virem apanhar a nota e segue apressado como se não tivesse visto nada.
o fulano C pára, pega na nota e vai entregá-la à polícia, contando que a achou e que deve fazer muita falta a quem a perdeu. a ver se se encontra o devido dono.
o fulano D pára, pega na nota e entra na loja mais próxima e gasta tudo o que pode no que sempre quis ter.
o fulano E.
existem mil e uma possibilidades para o que se pode fazer com uma nota de 500 e todas elas são válidas, porque todas elas são vividas por quem passou pela situação de encontrar uma nota de 500 no chão.

então, por que raio se passa uma vida inteira a declarar que o nosso mundo é melhor do que o dos outros, que a música que ouvimos é que deve aniquilar todas as outras, que devem tirar-nos a radiografia consoante escolhemos estaline ou balzac, que a casa que moramos e o nosso bairro é que são a escolha perfeita, que o nosso modelo de família, trabalho e lazer e que a maneira como comemos ou amamos é aquela a que o resto do mundo, os outros portanto, devem apirar a ser e ter?

e chega-se a esta altura do ano e todos partilham as mesmas mensagens, os mesmos pensamentos, fartam-se de trocar mimos e eu pergunto-me o que andam a fazer o ano inteiro? onde fica durante os restantes 364 dias o amor pelos amigos, pela família, pelos animais, por tudo o que mexa e a quem se deseja tudo lindo e brilhante apenas neste dia? é quando um amigo precisa que não lhe podemos voltar as costas, e não só na noite de natal. é quando um pai, uma filha, uma avó ou uma irmã partilham momentos únicos de alegria, conforto, presença apenas ou amor sincero que se sabe quem estará sempre connosco, e não só neste dia.
mas, claro está, a verdade do que se escreve ou pensa, apenas depende de quem a escreveu ou pensou.
tudo na vida é uma arte de sedução e pequenos interesses. entre amizades existe sempre uma troca, por mais que se jure a pés juntos que não. é-se amigo porque o outro o é também, nunca vi ninguém ser amigo sozinho. nas relações, o outro deixou de interessar e a troca perdeu o sentido. no trabalho, presta-se um serviço e recebe-se por ele. preto no branco.
mas na família nasce-se e brota-se ali, no seio daquelas pessoas que nos quiseram muito. e são elas que nos seguem, nos acompanham, para a vida. e ali reside também uma energia muito própria de fluidez, de reciprocidade, mas que segue uma linha de não interesse. é uma coisa de sangue. não se escolhe. é-se. tão próxima que a nota de 500 teria destino evidente no bolso de um pai, de uma irmã ou de uma avó enraizada e crente na força da família. sabendo de algum dos seus mais necessitado.
persiste um encantamento que dura por histórias e vidas inteiras. segredos e lendas que nunca se soube bem com que linhas se escreveram ao longo dos tempos. o avô que tinha pomares. a tia dos olhos verdes. a adolescência da mãe ou a migração árdua de um pai. a proximidade é fácil. e isso leva ao encanto permanente, sejam muito ou poucos. seja um ou nada.
e nunca por nada deste mundo e do outro, tomar nada nem ninguém como garantido.
seja uma nota de 500, que hoje nos enche o bolso mas que amanhã a perdemos pelo chão.
sejam ervas daninhas arrancadas (ontem ainda lá estavam viçosas) ou a necessidade absurda de justificar a quem se faz o bem e porquê (quando ontem lhe fizemos tanto mal).

e só por isso encontrei uma porra de um texto num dos livros que ofereci a alguém muito próximo e que deixo aqui para lerem e, claro está, terem a vossa opinião. porque ela é tão válida quanto a de quem está a ler esta mensagem e a julgar já de antemão a porcaria que «ela» decidiu deixar aqui hoje para quem não tem mais nada de interessante para fazer senão pensar na lato senso da justiça e na altivez dos moralismos exacerbados.

«Para uma família ser feliz, é necessário haver sedução. Os filhos têm de ser charmosos para encantar os pais, os pais têm de se esforçar para educarem convincentemente os filhos. E marido e mulher, caso queiram permanecer juntos, têm de passar a vida inteira a engatar-se. 
O mal da família é a facilidade. É pensar que aquele amor já é assunto arrumado.»

Último Volume
Miguel Esteves Cardoso

romaria.


visitação ininterrupta do ser.

quarta-feira, 19 de dezembro de 2012

espaço.

Há sempre qualquer coisa de ridículo nas emoções das pessoas que deixámos de amar.

Oscar Wilde

como é que isto acontece

no one knows \m/



Antena 3.
hoje avançamos aquela que poderá ser uma das melhores noticias do ano para muitos, no que respeita a festivais e concertos para 2013. 

Como Rádio Oficial do Festival Super Bock Super Rock anunciamos em primeira mão a vinda dos Queens of the Stone Age ao festival, com actuação marcada para dia 20 de Julho! 

segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

assim.



your will is focused on me
the sounds of your eloquence
are like bubbles
of perfumed soap
swift and merciless
are your fingers on me
copying with precision
the movements of a frantic cartoon
oh! Invincible you
oh! Invincible you
i am like a parrot
without vocabulary
can a parrot
face a lion


maria joão & mário laginha

quinta-feira, 13 de dezembro de 2012

hold it in your arms, be still.


Hold it in your arms, be still, pull there
I’ll hold you in mine before we run
We can start to sing, I know it’s odd
Pulling in all of this, and then we run
Running away from the end
Running away from the end
Running away to stay

Orange clouds in full, the sky falls back
Before we lose our mind
Before we escape 
Too fast, and wise
Slowly like the storm
And still we’re there
Running away from there
Running away from there
Running until we're there 

yo la tengo, fade, 2012

quarta-feira, 12 de dezembro de 2012

ser bonzinho é uma arte não acessível a todos, mas preconizada por alguns.


porque não se deve contrariar ídolos. parte 6.

OK, now let’s have some fun. Let’s talk about sex. Let’s talk about women. Freud said he didn’t know what women wanted. I know what women want. They want a whole lot of people to talk to. What do they want to talk about? They want to talk about everything.

What do men want? They want a lot of pals, and they wish people wouldn’t get so mad at them.

Why are so many people getting divorced today? It’s because most of us don’t have extended families anymore. It used to be that when a man and a woman got married, the bride got a lot more people to talk to about everything. The groom got a lot more pals to tell dumb jokes to.

A few Americans, but very few, still have extended families. The Navahos. The Kennedys.

But most of us, if we get married nowadays, are just one more person for the other person. The groom gets one more pal, but it’s a woman. The woman gets one more person to talk to about everything, but it’s a man.

When a couple has an argument, they may think it’s about money or power or sex, or how to raise the kids, or whatever. What they’re really saying to each other, though, without realizing it, is this:
“You are not enough people!”

I met a man in Nigeria one time, an Ibo who has six hundred relatives he knew quite well. His wife had just had a baby, the best possible news in any extended family.

They were going to take it to meet all its relatives, Ibos of all ages and sizes and shapes. It would even meet other babies, cousins not much older than it was. Everybody who was big enough and steady enough was going to get to hold it, cuddle it, gurgle to it, and say how pretty it was, or handsome.

Wouldn't you have loved to be that baby?

- Kurt Vonnegut, God Bless You, Dr. Kevorkian

sexta-feira, 7 de dezembro de 2012

a memória fixa nas palavras invulgares que ouvira











O verdadeiro mestre - dissera Lao Tse na última conversa antes de morrer - não é o que força a passagem, é o que a seduz.
Quando o mestre passa, os cães não ladram, admiram.
Toda a tempestade pára - tinha dito ainda Lao Tse - e toda a natureza se instala observando-nos como se fosse a irmã mais velha, a que nos vê, escondida, ansiosa por assistir às nossas proezas.
Quando o mestre passa os cães não ladram, repetia.
- Fácil é vencer quando se é mais forte; difícil é utilizar a força para os outros não perderem; mas só isto é justo.


Gonçalo M. Tavares, A História de Elia de Mirceia 


Histórias Falsas

Foto: Fernando Dinis Music/Photography para a TransVerso

quinta-feira, 6 de dezembro de 2012

shannon wright @ zdb

Ways to make you see

You are following me
Under crusted teeth 
No no no this cannot be
You'll never know who I am

Ways to make you see
It's not that love has failed me
Ways to make you see
It's not that love has failed me

Do you touch her
Like you touch me
Do you corrode her
Like you corrode me








domingo, 2 de dezembro de 2012

em vez de ocultar a esfera, devemos simplesmente segurá-la por baixo, com a mão aberta.

deste modo, - dizia Aurius - ela fica visível para mim e, ao mesmo tempo, para todos, e se assim o vento ou qualquer outra força o quiserem, ela pode rolar da mão para o mundo, cumprindo, então, o destino da sua forma.


gonçalo m. tavares, histórias falsas