sexta-feira, 30 de setembro de 2011

com domicílio


(...)Espreitam-me a alma pelos miradouros abertos. É como se me abrissem o peito e sem folgas, me vissem sempre pronta a vomitar monossílabos que enchem de entusiasmo quem me sente pela primeira vez.

Cobrem-me de palavras, e imagens e sons perdidos no esquecimento dos tempos.

Deus continua a ser a minha mulher-a-dias, que me varre as ruas de mendigos, que me deixa presentes em feriados de santinhos fluorescentes e brilham no escuro e apregoam festas rijas e churrascos e gentes que me sujam os empedrados.

Soubesse Ulisses ao aportar o que despontava das miragens de mil galeras.

Soubesse Cândido perante terramotos e mares que me engoliram de rios, que ruíram as minhas casas e sorveram os vestidos estendidos às janelas de Alfama.

Apetecia-me cortar os sinais que proíbem sentidos e obrigam desvios contrariados. Apetecia-me abrir as ruas a quem as quisesse passar.(...)

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