quarta-feira, 31 de agosto de 2011
pois, mas ó fred, já paravas :D*
não curto nada, é feia, mosquinha sem sal, patinho feio»
baixa 4
Aquilo que nem sempre nos chega às mãos é preciso acorrentar. Grilhões que forcem a entrada de palácios esquivos e cortes na presença contínua de gritos em surdina.
Entreolham-se prazeres.
Mãos que abrem entradas jamais cerram postigos.
Lembram-se dizeres antigos. Recordam-se paredes guardiãs de peluches e ex-votos quase sagrados. Uns mentiam e juravam, perdidos em ideias pretéritas de fuga. Outros, sentavam-se em poltronas de pregos corridos de nada.
Peregrinos de si mesmos, voltam inevitavelmente ao mesmo lugar. Para quê partir se o destino é sempre curar? Conseguir redobrar a esquina da vontade que impele a busca do jardim mais verde do outro lado da vida.
Aprisionam-se braços. Entregam-se cadeados e chaves inúteis de portões de ferro imaginário.
Pertença de dias azuis, cartas por abrir, selos por lamber, notícias perdidas no caminho de chegada.
Não fossem os amargos de boca e dir-se-ia o que os olhos vêem à primeira dentada. Uma porta, sem janelas nem vistas grossas. Uma porta vigilante de sentenças esquecidas no instante de horas rasgadas. Uma porta encerrada em si mesma.
É preciso força, é preciso empurrar com ombros de gente a contrariedade do que se vive.
E deixar correr o sal corrosivo do tempo.
parece, não é?
transpotting
terça-feira, 30 de agosto de 2011
segunda-feira, 29 de agosto de 2011
isto não são figos
Beijei uma boca vermelha e a minha boca tingiu-se, levei um lenço à boca e o lenço fez-se vermelho. Fui lavá-lo na ribeira e a água tornou-se rubra, e a fímbria do mar, e o meio do mar, e vermelhas se volveram as asas da águia que desceu para beber, e metade do sol e a lua inteira se tornaram vermelhas.
herberto helder
rituais
pares perfeitos, casas amareladas. convive-se em grupos iguais. procuram-se olhares e encontram-se mãos.
aqui parece sempre haver tempo. joga-se ténis, golfe, depois do trabalho há fins de tarde. as pessoas encontram-se e ficam.
há relva, mar, calçadas. sol.
anda-se para caraças. a terra é plana, há um shopping para cada três habitantes. gigantes. tudo perto, tudo alcançável e fácil. mesmo quando se resiste.
e trabalha-se. e corre-se também. mas é o norte.
antigoni dizia-me não saber bem porquê, há uma certa melancolia do norte da europa. sabendo que seremos sempre forasteiras aqui. eu disse-lhe que não, estás doida! se fosse o norte da europa tínhamos sistema de saúde decente, e andávamos de manga curta em casa, no inverno, e não se cuspia para o chão. mas a verdade é que está tudo limpo. por onde ando, só o cheiro a leixões lembra paisagens fabris. a roupa estendida em miragaia ou as fontaínhas abrem vistas de origens de mão na anca.
e o morcão, portista ou tripeiro, cada um à sua maneira, tem-me sido amável. a menina isto, o cãozinho aquilo.
e os bichos também parecem felizes. a nossa dormita ao sol e passeia contente da vida ao lado do fernando couto.
ando pela baixa, ando pela foz. corro a boavista vezes sem conta. descubro o campo 24, a cedofeita. o café progresso, o candelabro onde te levei. as ruas escuras da sé. o pôr-do-sol que se vê da cidade. a curva da ribeira. os arcos das pontes. o dourado na serra do pilar. os segredos das caves. os berros do bolhão.
porto encontra-se nas portas de uma imensa cambalhota.
reflecte a vontade de mudar e não acolhendo, não sendo o misto de gente que é a minha cidade, não trazendo ao colo emigrantes nem turistas, recebe. abraça.
está frio e aquece. mesmo que ainda não se sinta agora, sabe que vais precisar de uma manta. mais cedo ou mais tarde. e já a traz debaixo do braço caso precises.
sexta-feira, 26 de agosto de 2011
com aviso de recepção
Anais, I don't know how to tell you what I feel. I live in perpetual expectancy. You come and the time slips away in a dream. It is only when you go that I realize completely your presence. And then it is too late. You numb me. [...] This is a little drunken, Anais. I am saying to myself "here is the first woman with whom I can be absolutely sincere." I remember your saying -"you could fool me. I wouldn't know it." When I walk along the boulevards and think of that. I can't fool you - and yet I would like to. I mean that I can never be absolutely loyal - it's not in me. I love women, or life, too much - which it is, I don't know. But laugh, Anais, I love to hear you laugh. You are the only woman who has a sense of gaiety, a wise tolerance - no more, you seem to urge me to betray you. I love you for that. [...]
I don't know what to expect of you, but it is something in the way of a miracle. I am going to demand everything of you - even the impossible, because you encourage it. You are really strong. I even like your deceit, your treachery. It seems aristocratic to me.
henry miller
fortune tea
I swear by now I'm playing time against my troubles
I'm coming slow but speeding
Do you wish a dance and while
I'm in the front
The play on time is won
But the difficulty is coming here
I will go in this way
And find my own way out
I won't tell you to stay
But I'm coming to much more
Me
All at once the ghosts come back
Reeling in you now
What if they came down crushing
Remember when I used to play for
All of the loneliness that nobody
Notices now
I'm begging slow I'm coming here
Only waiting I wanted to stay
I wanted to play,
I wanted to love you
I'm only this far
And only tomorrow leads my way
I'm coming waltzing back and
Moving into your head
Please, I wouldn't pass this by
I wouldn't take any more than
What sort of man goes by
I will bring water
Why won't you ever be glad
It melts into wonder
I came in praying for you
Why won't you run
In the rain and play
Let the tears splash all over you
quinta-feira, 25 de agosto de 2011
terça-feira, 23 de agosto de 2011
prometes?
sim pli cidade
abrasivo.
parece voltar normal e devagar ao corpo presente.
ao centro algures encontras o espaço latente nas portadas das janelas.
eram luzes amarelas e vidros curtos. noites. dias e tardes e manhãs.
fazes planos. em breve mudam-se os lugares e à noite a companhia morna.
eu invento modas corridas e escuros de mantas. palavras que afastam medos.
procuramos normalidade. recusamos rivieras. os doze meses que nos separam delas. são muitos dias. nunca esquecidos.
os sinais ficam e a vida tão cheia de imagens eternas.
como estas. obrigada.
segunda-feira, 22 de agosto de 2011
vão de escada
packaging sober lights
Ghosts in the photograph
never lied to me.
I'd be all of that
I'd be all of that.
A false memory
would be everything.
A denial my eliminent.
What was that for?
What was that for?
(...) Try to be bad
mogwai
b-day
I want them to know it's me
It's on my head
I'll point the finger at me
It's on my head
Give it all to you
Then I'll be closer
Smiling with the mouth of the ocean
And I'll wave to you with the arms of the mountain
I'll see you
I will let you shout no more
It's on my head
I'll pick you up from the floor
It's on my head
Give it all to you
Then I'll be closer
Smiling with the mouth of the ocean
And I'll wave to you with the arms of the mountain
I'll see you
Give the same to me then I'll be closer, closer
Give the same to me then I'll be closer, closer
Smiling with the mouth of the ocean
And I'll wave to you with the arms of the mountain
Give the same to me then I'll be closer
fnm
domingo, 21 de agosto de 2011
sábado, 20 de agosto de 2011
behind
sexta-feira, 19 de agosto de 2011
ao segundo dia
quinta-feira, 18 de agosto de 2011
limbo
Não vê nada. Não ouve nada.
E, no entanto, há qualquer coisa a brilhar em silêncio.
- Antoine de Saint-Exupéry, O Principezinho
o paraíso acabou.
os putos pastilhados invadiram paredes de coura. não fosse o encontro com luxúria canibal e acharia que tinha aterrado no boom festival.
e se pensavam que o super bock batia tudo em pó e desorganização, esqueçam.
quem entrou ontem naquele recinto perto das 22h, percebeu que num corredor onde passam 2 pessoas de cada vez, é impossível manter a sanidade e ainda assim lembrar as edições anteriores de calma, sossego e cordialidade entre todos. os putos são agressivos, a malta de ontem queria era soltar a franga, contentinhos por os pais os terem deixado acampar uns diazitos nas férias, num lugar que tem tudo para supostamente se manterem à tona da água.
é que nem a pulseira nos safou.
mas a salvação existe. na música, sempre nela. as bandas safaram o ambiente de escola secundária. esforçaram-se a valer e funcionou. e a exclusividade do after-hours termina hoje. ufa!
nos próximos dias. jazz na relva, sol, rio, música a sério. forte. nas entranhas.
esperamos.
quarta-feira, 17 de agosto de 2011
terça-feira, 16 de agosto de 2011
quarta-feira de cinzas

E que o espaço é sempre o espaço apenas
E que o real somente o é dentro de um tempo
E apenas para o espaço que o contém
Alegro-me de serem as coisas o que são
E renuncio à face abençoada
E renuncio à voz
Porque esperar não posso mais
E assim me alegro, por ter de alguma coisa edificar
De que me possa depois rejubilar
t.s.eliot
fico em casa a ver tv. e amanhã saio apenas e só para comprar bolachas.
nem consigo levar os sacos da loja. acho sempre que não são meus. deve ser das cores que ainda estranho. ou da porta que dá para uma rua paralela à do costume. o que os olhos não vêem o coração mente.
café e bolachas. pão e laranjas.
não há terramoto que mude o que se pede numa hora destas. em que desaba sobre a pessoa o peso de aceitar mudar de vida.
de certezinha

And love will not break your heart, but dismiss your fears
Get over your hill and see what you find there
With grace in your heart and flowers in your hair"
— Mumford & Sons, After The Storm
baltazar sete-sóis
"Baltazar Mateus, o Sete-Sóis, está calado, apenas olha fixamente Blimunda, e de cada vez que ela o olha a ele sente um aperto na boca do estômago, porque olhos como estes nunca se viram, claros de cinzento, ou verde, ou azul, que com a luz de fora variam ou o pensamento de dentro, e às vezes tornam-se negros noturnos ou brancos brilhantes como lascado carvão de pedra."
josé saramago, memorial do convento