quarta-feira, 9 de maio de 2012

banzo.



já passava das 3h da manhã quando o meu Mestre falou de banzo.


banzo é um termo utilizado desde o tempo da escravatura, para descrever uma suposta doença de que padeciam os escravos que eram levados nos navios negreiros para trabalharem em terras brasileiras. essa condição, banzo, define o sentimento de saudades, quando se está fora de casa, longe da família, dos amigos, em terras estranhas... por mais que se fale a mesma língua, por mais doce que seja o acolhimento. existe sempre uma nostalgia do que se deixou ali em suspenso. à espera. a que se encosta a cabeça quando nada parece saber muito bem o que somos.

e é desse banzo que se recolhe as origens. a motivação. a vontade de nunca desistir, de seguir sem perder o rumo, por vezes contra tudo e contra todos. é que acreditar é mais resistente do que querer. acreditar deixa-nos nas mãos aquilo que o coração pede. acreditar é além do mais saber. e o saber quer-se férreo, certeiro, de alma cheia. porque um dia voltamos ao que um dia dissemos até já. porque sem darmos por isso, um dia levantamos voo.

4 comentários:

  1. Que belo texto.

    O banzo ou mata ou faz crescer. A mudança surge com frequência e só dando tempo ao tempo é que nos apercebemos da sua importância.
    Feliz daquele que pode contar com um ombro amigo nos momentos de banzo, pois os escravos morriam dessa nostalgia acoplada à solidão.

    Continua a brindar-nos com a tua escrita sincera.*

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  2. brigada por continuares aí.
    sabe shiva como sou chata :))

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  3. que o banzo nunca [te] seja um entrave, mas sim uma força para [te] excederes. em felicidade e preenchimento. obrigada* :)

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