sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

2010


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Dezembro

all that i see




is that everytime, all of the time,

it's as if we have never left.
and all of the reasons, all of the pain,
fade away and never come back again.
suddenly, i am myself again.

quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

lembro-me de te ter dito



foto: fabrice pinto

que provavelmente não teríamos melhor do que isto.

aparentemente, enganei-me porque o melhor ainda está para chegar.

terça-feira, 28 de dezembro de 2010

i won't be here

dizem que procuram o silêncio e o recolhimento

e ao que parece, Paris é muito silencioso nesta altura do ano.

o auto-estudo começa aí. em não apregoar o silêncio, a solidão, quando afinal se faz o que se critica na calada da noite. às escuras, para ninguém ver.

ser transparente paga-se caro. não ter nada a esconder provoca ondas de choque.

perfeito. obrigada por mais uma lição de vida.
a gratidão tem destas coisas.

pois o belo muda

o saber muda, a inteligência muda, a medida muda, a procura muda, a atitude muda.

Mas o desejo é inalterável.

tranca-me. teus ares de luta
têm o corpo dos pátios devastados
esses que se sonharam cordas
e por que não cadeados de volúpia?

deita-te.
laça-me os pés. beija-me os passos
para o cárcere da minha volta.
sonha navios. ocasos.
sonha-me trancado. teu.

de Hilda Hilst
em "Estar sendo. Ter sido"

carne trémula



«dói-te?

porquê?»

carne trémula, pedro almodóvar, 1997

segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

what is it for

apegados à ideia de desapego

«Salvo raras excepções, ninguém se torna tântrico. Ser sensorial e não repressor, é algo inato. Uma personalidade com tendências e atitudes essencialmente patriarcais e repressoras raramente incute na sua vida e modos uma filosofia tântrica. Muitos tentam por meio de uma imensa repressão a que se submetem, levando o seu emocional ao limite do que seria por si suportável, o que o leva ao pressuposto oposto – à maior repressão de todas: a de se submeter a algo que não faz parte da sua natureza.»

antes que tudo se acabe

magnólia ou árvore de joshua

é aí que quero ficar

save me

vendi-a

>

vejo, sinto e ouço

porque os teus olhos mostram
porque a tua pele cheira
porque a tua voz perdura.

e vou, porque danças em círculos hipnóticos que não terminam com o cair da noite fria.

é mais ou menos isso, e agora que te conheço e vi

«Quando nós dizemos o bem, ou o mal... há uma série de pequenos satélites desses grandes planetas, e que são a pequena bondade, a pequena maldade, a pequena inveja, a pequena dedicação... No fundo é disso que se faz a vida das pessoas, ou seja, de fraquezas, de debilidades... Por outro lado, para as pessoas para quem isto tem alguma importância, é importante ter como regra fundamental de vida não fazer mal a outrem. A partir do momento em que tenhamos a preocupação de respeitar esta simples regra de convivência humana, não vale a pena perdermo-nos em grandes filosofias sobre o bem e sobre o mal. «Não faças aos outros o que não queres que te façam a ti» parece um ponto de vista egoísta, mas é o único do género por onde se chega não ao egoísmo mas à relação humana.»

José Saramago, in "Revista Diário da Madeira, Junho 1994"

obrigada ;)

e só esta noite

me apercebi, encostada à cadeira,
que repetes baixinho, só para ti, as tuas falas preferidas no cinema.

para que nunca mais as esqueças.

mas eu ouço
;)


a última estação, michael hoffman, 2009

«tudo o que sei
só sei porque amo.»

Lev Tolstoy

domingo, 26 de dezembro de 2010

heavy distances dissolving into light wishes

far away

65

«Cada homem pensa-se portador da melodia exacta,
mas uma melodia não é o resultado de um problema
de quantidades
mas de um bem mais perturbante problema de alma.

Cada música responde assim
à indecisão que uma existência carrega:
desisto de viver ou mato? Luto ou esqueço
o que pode ser inundado?»


gonçalo m. tavares, uma viagem à índia

be good or be gone



final.


«Henri and I were talking about you. Guy talk. Ivan was quiet, smiling. Then he said, "If I don't get her, I'll never get over it".»


Un Conte de Nöel, Arnaud Desplechin, 2008

problema de expressão



de boca e olhos fechados,

não há que falhar.

trabalhar faz calos

já não me lembro de algum dia a vida me ter passado sem trabalhar.
todos os dias acordo com a sensação de que lá vem mais um e que nem é preciso buscar a motivação que nos leva para a frente.

hoje foi diferente porque acordei com calos nas mãos. nem sempre isto acontece.
e a motivação é tanto maior quanto a certeza de que o resultado será o melhor de todos. o trabalho em função do grupo.
quando nos entregamos a uma missão, seja ela qual for, que nos enche o coração de ânimo, só podemos estar no caminho certo.
mesmo que por vezes nos pareça sinuoso. mesmo que os obstáculos nos pareçam intransponíveis.
mesmo que a sobrevivência nos bata à porta.
mesmo com todas as reticências e dúvidas, há um porto de abrigo.

sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

play it short :)



Aidan John Moffat - Ten Short Songs for Modern Lovers, 2010

e como se não bastassem as canções deliciosas e bêbedas, o homem até conta histórias... em escocês \m/

quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

most people are other people



«Feel like a daughter
She's like a star tonight

Without wanting

She gave up

The ghost inside»

broken bells







foto: fabrice pinto

a gota de água

(...) E se os meus olhos fossem sensíveis aos ultravioletas ou aos infravermelhos, como é que eu veria os objectos? E se o meu globo ocular, na zona que a luz atravessa para penetrar na pupila, fosse facetado em vez de ser liso?

Sejamos modestos nas nossas "certezas" e na defesa das nossas "razões". É comum ver os seres humanos, eles e elas, encolarizarem-se para impor as suas razões. Eu, pessoalmente pouca importância atribuo às razões de cada um, porque a razão é uma coisa que todos têm.

Há alguém que não tenha razão? Não conheço. O modo de encarar qualquer assunto é, penso eu, um valor pessoal, isto é, pertence à pessoa, mas não é criação sua. Nós somo o resultado de uma encruzilhada complicadíssima onde se encontram presentes os nossos pais, os nossos avós, os nossos bisavós, etc., etc, de cada um dos quais recebemos uma parcela do nosso ser. Não é só o meu nariz que se pode parecer com o do meu avó materno, mas também o que eu sinto e o que eu penso. Desta mistura sai realmente um todo diferente de cada uma das partes que a originaram, e é desse todo que resultam os nossos sentimentos, os nossos pareceres, as nossas razões. São nossos, de facto, mas sujeitos a todos os condicionalismos que o originaram.

É assim que , pessoalmente, apresento as minhas razões, e não considero patetas, ou coisa pior, as razões dos outros que divergem das minhas. Cada um tem a razão que pode ter, e poderá apresentá-la com toda a convicção, com toda a dignidade mas sem prepotência, sem escutar, com sorriso oblíquo de troça ou de desprezo, a razão do outro. No que respeita ao assunto anterior, a criação do Universo, compreendo perfeitissimamente que, de acordo com a "certeza" de que tudo tem que ser criado, a totalidade dos seres humanos, desde os primitivos selvagens até às maiores inteligências da actualidade, afirmem ter sido um Deus qua a executou. Se não se libertarem da "certeza" de que tudo tem que ser criado, só lhes resta a solução de que algum ser, evidentemente não humano, criou o Universo. Pois não é evidente que uma coisa, seja o que for, tem que ser criada? Não sei. A minha resposta é: não sei. Sou incapaz de estender à feitura do Universo o mesmo critério que aplicaria à feitura do copo por onde bebo a minha água, que foi feito por um operário da Marinha Grande. Não sei. Os astrónomos anunciam constantemente a contrução de telescópios, cada vez de maior alcance, com que vão descobrindo novas galáxias, penetrando em espaços sempre mais distantes, as milhares de anos-luz, e para o ano verão mais longe, e para o ano que vem depois ainda mais longe. Mas então que é isto? Isto não tem fim? O espaço tem que ter fim, dirão eles. Terá que ter? Não sei. Até que um dia verão, pelo seu telescópio aperfeiçoadíssimo, a imagem de Deus? Será assim? Quando é que os homens entenderão que tudo quanto pensam está condicionado pela sua natureza humana, e que não devem estender ao Universo aquilo que se passa em casa deles? (...)



Rómulo de Carvalho


pour leila ;)

a light goes on and the door opens

strokes, portishead

super bock super rock: 2
optimus alive: 0

tarantino, madonna, federer, la bamba, a noiva, as facas, os diamantes...

arrumei os livros e os dvds

fiz a cama,
preguei um cagaço ao luís,
e deixei a minha roupa nas costas da tua cadeira.

espero que não te importes... e já agora que não a vendas baratinha na feira no sábado, que eu posso vir a precisar de agasalho ainda esta semana.

a causa ignorada de um efeito desconhecido



é a sombra projectada na caverna que parece ser o real, quando na verdade apenas dela retiramos o que pensamos ser visível.

«achas que nos podemos dar ao luxo

de sofrer por amor
quando existem pessoas com fome no mundo?
eu não sofro por amor. deixei pessoas importantes pra trás, mas eu penso, melhor deixar elas pra trás, do que elas me deixarem de lado»


sutra de marisol espinosa :)

quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

não sei muito bem como interpretar

a existência de papéis de rebuçado na casa-de-banho...

perdida por cem



chegas a antever o que ficou além dos dias.
é tão palpável que chegas a sentir-lhe a textura, o cheiro da madeira e a cortina que nunca se cerrava.
era a água, o espelho de água que acordava os sentidos um por um.
o calor de um corpo que se aproximava.
e pela janela deixas agora fechar o capítulo para sempre, que fica escrito assim, à porta fechada.

ao calor que nunca mais chega resta esperar.

e no entretanto, o silêncio.

3 months and counting

tudo

aos poucos

tudo volta a encaixar-se.
hoje talvez seja o começo.

terça-feira, 21 de dezembro de 2010

the type of memories


that turn your bones to glass





















foto: fabrice pinto

the wheels are turning

quando me diziam que de um dia para o outro tudo desaparece, pensava num cataclismo nuclear, ou coisa parecida. vinham-me à cabeça as imagens que me perseguiam durante a infância, de chernobyl e dos queimados, e do napalm no vietname, o apocalypse now e nas baratas que por cá ficam, nos cyborgs do blade runner, na parvoíce, teimosia e prepotência da espécie humana.

nunca em momento algum pensei em nada disto.

sal e pimenta



segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

e consegue-se sempre denunciar

os nossos pensamentos, só pela veemência com que os contradizemos e negamos.
a repetição que se instala e leva a crer que assim, de olhos bem fechados, as coisas podem passar sem as sentirmos.

tremendo engano.
a ilusão que se arrasta pode até convencer, mas não reconforta ninguém.

não se pode nunca agradar a todos.
mas podemos ao menos abraçá-los nessa tentativa, para que a memória não se perca nunca.

continuo a achar

que cada vez mais percebo por onde não vou.

daria um dedo por esta voz e esta harpa

agora



é evidente que vivemos no passado à espera daquele dia que nunca mais chega.
alimentamo-nos dele.
os nossos dias desenrolados diante de um demorado e impaciente frame estagnado, na ânsia de que algo nos acorde da letargia em que caímos.

todos os dias devíamos levar um valente susto, aquele que nos leva a levantar o cu da cadeira e a mexer os braços com mais certeza.

nada como a sobrevivência para nos puxar as mãos para o patamar mais lúcido.
acordar para nunca mais adormecer. sentir que a luta vale mesmo a pena.

sábado, 18 de dezembro de 2010

não

"Não é uma coisa só.
São muitas coisas nuas.

Não é o desabar de uma casa.

É percorrer os seus escombros.
Não é aguardar por um filho.
É voltar a sê-lo.
Não é penetrar em ti.
É sair de mim.
Não é pedir-te que faças.
É fazer-te.
Não é dormir lado a lado.
É estar jacente de mãos dadas.
Não é ouvir vento e chuva.
É franquear-lhes a cama.

E relâmpago que pela terra se funde.

-"Luz Fraterna" - António Osório

foto: fabrice pinto
na Trama

paz



não a procures lá fora.

sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

ambushed by a light



I have burned my tomorrow,
And I stand inside today...
At the edge of the future,
And my dreams all fade away...

I have burned my tomorrow,
And I stand inside today...
At the edge of the future,
And my dreams all fade away...

And burn my shadow away...
And burn my shadow away.

Fate's my destroyer.
I was ambushed by a light,
And you judged me once for falling...
This wounded heart arrives...

And burn my shadow away...
And burn my shadow away...

When I see the light,
True love forever.


(Burn my shadow)
When I see the light,
True love forever.

place vendôme



é preciso avançar.

e o ritmo que marca a passada é lento, mas consciente.
não dês um passo maior do que as pernas.
não subas um degrau que não possas descer.
agarra o dia como se a noite fosse breve.
o chão firme e certo.

um passo depois do outro, um ao lado do outro.
curto. seguro.

nosso.

quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

fado



Ai Mouraria
do homem do meu encanto
que me mentia,
mas que eu adorava tanto.
Amor que o vento,
como um lamento,
levou consigo,
mais que inda agora
a toda a hora
trago comigo.

morada

poiso, direcção, cantinho, descanso, quente, sol, água, luz, tecto, paredes, vida, risos, calor, música, perfume, bairro, beco, calçada, pátio.

casa.

terça-feira, 14 de dezembro de 2010

beco do jasmim

la vie en rose



foto: fabrice pinto

Des yeux qui font baisser les miens
Un rir' qui se perd sur sa bouch'
Voila le portrait
sans retouch'
De I'homme auquel j'appartiens

Quand il me prend dans ses bras
ll me parle tout bas
Je vois la vie en rose

ll me dit des mots d'amour
Des mots de tous les jours
Et ca m'a fait quelque chose

ll est entre dans mon coeur
Une part de bonheur
Dont je connais la cause

C'est lui par moi
Moi par lui
dans la vie
ll me I'a dit
I'a jure pour la vie

Et des que je I'apercois
Alors je sens en moi
Mon coeur qui bat

segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

impérios



«construímos catedrais e ficamos do lado de fora, pois as catedrais que nós mesmos construímos, tememos que sejam armadilhas.»

c. lispector

sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

wings on wheels

ou o que eu fazia agora com os 34 camiões da lady gaga estacionados à minha porta...

Paris é eterna

em cada viagem se torna mais palpável.
os cheiros, as cores, as palavras, os sons, a canção, aquela canção.





a viagem repete-se ano após ano, e sempre aumenta a certeza de chegar a um lugar melhor.
agora resplandecia de branco, um branco que lavou a alma, que trouxe mais certezas e serenidade.
o silêncio necessário antes da acção.





viajar é sempre preciso, sabemos sem hesitar.
mas viajar assim, compartilhar a língua, adocicar o corpo, sentir o calor de uma família e viver com amor o desejo de apenas ver alguém feliz, só porque sim, era algo que por vezes caía no esquecimento.







paris nunca se acabará.
nunca se perderá e hoje direi mesmo que volta sempre maior.



Ás nossas mãos.