Era o branco que a fazia acordar sem fim. Numa roda-viva infindável de gestos repetidos, ano após ano. Daquela varanda o vira descer a calçada. Na esquina já ao Poço dos Negros perdera-o de vista. Nunca mais lhe vira as botas. A silhueta queimada do navio em mar alto. As mãos cortadas do cordoame, que lhe inchava também os pulsos doridos. À noite, lembrava-se de deitar e dos pés frios, duros que procuravam os seus. Dormia, rangia os dentes e ele acordava. Lá estás tu outra vez (…)
Sente-se no ar o frio das frinchas abertas. Descuidam-se pessoas e gestos e as casas ruem. Persiste nas cidades o querer voltar na esperança de que o tempo se esqueça delas. É puro o engano e finge-se parar a mudança. Ela é sempre a única verdade presente ao abrir da janela.
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