sábado, 18 de fevereiro de 2012

canto inferior direito



já passava da hora e eu já ia atrasada e começaste a insistir que tinha de ser hoje, que não podíamos passar ao lado disto outra vez, mas eu já corria pela estrada e continuavas na teimosia de que hoje é que era e lá fomos, mesmo com os ponteiros contra mim, as horas a passar, quase se punha o sol e chegámos a tempo. corremos para a água, o carro no meio da estrada, a máquina empoleirada e não sabias bem como, mas de certeza que ia dar para ficar no enquadramento. com a pressa a dobrar desatámos a correr pelo frio, pelas gargalhadas e sem querer, as botas com areia, as mãos geladas por baixo do teu casaco, correr, e pegar na alça e ver se o obturador tinha fechado a tempo. não podia ser assim tão fácil, sem ver, nem tentar nem prometermos nada um ao outro. e da ponte da arrábida só é que abrimos a boca para dizer que afinal era por isso que 97% dos acidentes se davam àquela hora. o sol a pôr-se e todos a querer o seu pedaço de universo estelar.
consegui chegar a tempo, uns minutos antes até e ficamos na bolha verde. não sei porquê o verde. mas ficámos. ali. aqui. no aquecer das cores que quisermos.

Sem comentários:

Enviar um comentário