sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

há quem tenha asas e há quem tenha raízes. e há quem tenha cicatrizes.

acho que foi na conversa sobre o desenvolvimento das membranas embrionárias.
disseste que a pele tem uma memória que regista o toque e que essa memória vai buscar tudo aquilo por que passou. aquilo que nos bloqueia ou o que nos liberta e que é nessas memórias que a vida desde o embrião se vai desenvolvendo. os nossos reflexos, as angústias, as euforias.

as perdas. os toques que não mais sentimos e que, verdade seja dita, nos marcam a pele até à carne. alguns até à memória celular.
mas também que o tecido cutâneo regista milhares de novas sensações a cada segundo. e que esse, que parece novidade, não é mais do que o novo toque que já nos despertou algures. noutras sinapses.

e que isso por si só não serve para adiantar o caminho das mãos pelas linhas com que nos cosemos.
uns aos outros.
não chega para criarmos um novo mapa de experiências na nossa pele de dimensões renascentistas.

foi nessa conversa que olhei para o lado e deixei passar aquilo que realmente aprendia.
da cartografia que precisamos trazer debaixo do braço sempre que nos pedem o corpo e alma como percurso de mais uma viagem sem destino.

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