sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

lavagem automática

e foi por mera decisão tardia mas alguma teimosia que por fim acedi a deixar o carro numa daquelas estações de serviço, nem sei bem se é assim que aquilo se chama, mas mudam pneus, óleos, fazem revisões e limpezas a fundo, interiores e exteriores, mas que na verdade dizem que se o deixarmos lá por um dia, o carro vem como novo. e se o meu precisava. tantos quilómetros. tanto esforço um dia tem de ser compensado.
e enfim, parou.
quando telefonaram para que o fosse lá buscar, vi-o irreconhecível. até a cor parecia diferente. mas encostado à roda vi um saco de proporções gigantescas que vim a descobrir, continha muitas coisas minhas, outras não, e que os senhores, amavelmente e segundo as suas palavras eufemísticas, resolveram colocar no respectivo para que a limpeza fosse verdadeira e não meramente um contorno de obstáculos.
entre ressonâncias magnéticas, porta-chaves, filtros de máquinas fotográficas, cabos de bateria, toalhas de praia da canita, flyers desta e de outras escolas, moedinhas do continente, chapéus de sol, de chuva, de nevoeiro e quatro estações, tinha lá objectos que davam para uma feira de carcavelos desde o raiar do dia até à madrugada seguinte. sempre a facturar.

isto não abonava nada em meu favor. a quantidade de tralha que conseguia ver era mesmo minha.
descartar, reciclar é um processo que não termina nunca. e a leveza que se aprende ao ter tão pouco, ao acumular apenas a roupa e a carteira, e o nada de que precisamos, é a melhor forma de dar o passo seguinte. ao volante ou a pé. no limite de velocidade permitido ou não.

Sem comentários:

Enviar um comentário