terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

manobras de diversão



a arte. a cultura. são o espelho do que uma comunidade reflecte.

a antónio arroio sempre foi o caldeirão que fervia e moldava grandes mentes, grandes mãos, criatividade e moldes diferentes pelos quais aprendi a ver, a escolher e a seguir algumas linhas de que mais me sentia próxima.
tive o privilégio de ensinar na antónio arroio, de sentir de perto o que ali se fazia pela diferença. como se contornava a falta de condições, de dinheiro, o excesso de burocracia que não há meio de desenguiçar a engrenagem maldita das papeladas, das perguntas, das justificações intermináveis.
ali, pensava-se a sério. ali aprendi em curto espaço de tempo o que noutros lugares por onde passei se fechava a sete chaves.

por isso rio-me quando vejo a palhaçada cavaquista de evitar o protesto das artes. de desaparecer perante o óbvio. quando os criativos ficam doentes, o país sucumbe. a vida estagna. as armas da palavra e do traço apagam-se. e o povo esmorece.
o palhaço tem medo de gente que pensa por si. que não olha para a máquina em busca de segurança, até porque é na arte que mais se arrisca.
o palhaço deve ter medo sim. muito medo.
as maiores mudanças que já vimos no mundo começaram sempre numa lente, no papel, na tela ou na forma do barro.

o palhaço não faz os trabalhos de casa. não molda, não cria, não inspira, não acrescenta. nada.
o ciclo natural da vida elimina os inadaptados. neste circo, este não dura muito mais.

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