terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

por aqui




hoje era daqueles dias em que me enfiava na cinemateca até me expulsarem dali para fora.
aqui, o mais parecido é o teatro do campo alegre.
que, tentando, não chega lá. nem de longe. não por não quererem. mantendo-se contra todas as tendências de acabar com a paz e sossego dos espectadores das grandes salas, é ali o meu abrigo. mas por ser impossível trazer aquele cheiro a museu, bobines e torradas ao fim da tarde, candeeiros a meia-luz, livros no colo e tantas mãos dadas. o «somewhere over the rainbow». a meia-noite do mário laginha ao piano. o silêncio do murnau. o velho dos sacos nas matinés. e o que me irritava estar fechada ao domingo. a desoras. a noite em que fotografámos o manoel de oliveira. ele sorriu para ti. das vezes que me foste lá buscar ou esperaste que acabassem as 4h30 do kurosawa. das outras em que pensava que ias ver o filme comigo, mas só lá ias olhar-me sem dizer nada. tinhas prazer em ver-me fechar o livro ao passar a porta do café para te sentares na poltrona à minha frente.

mas temos de fazer o melhor do que temos.
assim sendo, passo a vida no teatro para ver cinema.
e penso em ti, lisboa.

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